sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

É preciso colocar a MÃO NA MERDA. literalmente.

       É da natureza: quase todo dia você faz cocô. Não tão natural assim é o que você faz com isso: após ser lançado numa privada com água tratada, seu dejeto receberá uma descarga - novamente de água tratada - e será empurrado por um cano até o rio mais próximo. Nessa toada, vão pelo menos 6 litros a cada vez que você senta no trono.
    Se essa operação não lhe pareceu incomum, o especialista em permacultura André Soares explica os problemas: 1) estamos usando água de qualidade para empurrar os dejetos e 2) nesse processo desperdiçamos um recurso finito, a água, para contaminar o solo e os rios - mesmo que seu cocô seja tratado, ele não será completamente inofensivo para o ambiente. Antes de chegar à solução, porém, é preciso entender do que é feito o problema: 65% de proteínas, 25% de carboidratos e 10% de gordura. "Essa composição parece a da ração humana, última novidade no mundo das dietas", Diz André. O ponto é que, tratadas da maneira correta, fezes podem servir para alimentar o solo em vez de sujar o ambiente.
      A fórmula do milagre são as privadas composteiras - ou privadas secas. Nelas, fezes e urina são armazenadas e misturadas a um material rico em carbono: pode ser pó de serra, capim picado,casca de arroz. a  reação entre o carbono e o nitrogênio encontrados nos nossos dejetos gera um composto orgânico e elimina o mau cheiro. Enquanto isso, micro-organismos digerem esse composto e transformam tudo em adubo. " Na natureza, as fezes fazem parte de um ciclo que mantém tudo funcionando perfeitamente", diz André para defender que compostar e reaproveitar fezes é a maneira mais natural e ecológica de lidar com o problema. "Precisamos perder o medo da merda."

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